- Área: 300 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Diana Quintela
Descrição enviada pela equipe de projeto. O pavilhão temporário VIATICUS é uma resposta ao lugar onde se insere, o pátio poente do edifício da Cordaria Nacional, mas também uma reacção ao contexto cultural, uma vez que o seu propósito é receber os visitantes de uma das mais importantes feiras de arte mundiais, a ARCO.
Para tal, considerou-se a possibilidade de uma proposta arquitectónica que conceptualmente fosse capaz de inverter as características tipológicas do pátio ao explorar a sua relação com a cidade. Sabemos que a ideia de pátio remete para uma tipologia introspetiva por excelência e centrada em si mesma, por oposição a uma torre, que expressa na sua verticalidade uma intenção de ver e ser vista. Um elemento que simultaneamente vive para dentro e para fora.
Propõe-se então uma estrutura. Dir-se-ia, melhor, uma superestrutura. Um sistema único capaz de absorver e integrar três escalas distintas: a escala do público, onde as pessoas convivem, comem e descansam; a escala do monumento, onde o evento se faz anunciar à cidade; e a escala do doméstico, onde as zonas privadas de bastidores asseguram o êxito do evento. Nesta logica, a torre surge como o elemento charneira, que compatibiliza as três escalas e simultaneamente as três funções: é aqui que o público dialoga com os funcionários enquanto apreciam a verticalidade do espaço e a peça dourada criada especificamente pelo artista Carlos Nogueira.
O projecto consiste numa estrutura longitudinal com a proporção de 1:10 em planta (3 metros de largura e 30 de comprimento) que acentua a forma longitudinal do pátio existente, com a proporção de 1:20. Esta dialética entre a tipologia do pátio e da torre parece propor uma leitura de opostos, quase provocatória e inesperada durante os dias da ARCO. No entanto, o projecto nasce de maneira umbilical com o edificado existente. Isto é, a estrutura virtual de cubos com 3x3x3 nasce de uma métrica de 1.5x1.5x1.5, que estrutura as fachadas do edifício da cordoaria. Por outro lado, os 3 metros de largura criam uma relação directa com a escada de pedra existente, um dos elementos mais significativos do espaço envolvente.
Esta ordem estrutural surge como cenário de diferentes acontecimentos e propõe uma relação directa entre a estrutura resistente e a estrutura espacial, posteriormente coberta por um conjunto de elementos têxteis que definem a zona de sombreamento e criam novas tensões espaciais: a tela desce gradualmente, criando um efeito de perspetiva vertical e uma relação inversa às escadas existentes, que ajuda a preparar e enfatizar a monumentalidade da torre. Estes elementos de sombra criam novos espaços informais e orgânicos que contrastam com a rigidez da estrutura.
O elemento vertical dourado, que nasce da cota do pavimento e resolve o remate superior da torre, é fruto de uma estreita colaboração com o artista plástico Carlos Nogueira e acentua a presença simbólica do conjunto.